sexta-feira, 12 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Soneto da mesmice

Repete-se a truculência com que um prefeito manda torturar jovens estudantes e comunicadores dos furtos e dos atos de corrupção; repete-se o abafamento do caso; repete-se a maldade nos olhos de quem tortura; repete-se a covardia na boca de quem vendo tal caso , vê e cala; repete-se os roxos nas costas e a vergonha exposta dos agredidos; repete-se ...
Repete-se a mesmice dos pobres de alma...
Repete-se no salão de jantar , a comida boa, os talheres de prata, o vinho antigo e a vida boa do pouco que a tira(a vida boa) do suor de muitos...
Repete-se então as caras cansadas e sofridas no empurra-empurra dos transportes coletivos de quem parte contra o grande nada, em busca de sua pífia sobrevivência ... repete-se o labutar ...
Repete-se o tempo para todos, mas o tempo não repete-se da mesma maneira para todos...
Repete-se...
Deixai o vinil repetir o seu movimento...
Deixai o sol repetir o seu nascer ...
Deixai os olhos repetirem o fechar ao adormecerem...
Deixai repetir que os animais vivam em paz e livres...
Deixai repetir a beleza da luz do luar sobre o campo verde e sobre o mar...
Deixai repetir os bons de coração...
Repete-se
...

no entanto, repete-se o soneto da mesmice.