domingo, 12 de setembro de 2010

Banalização do Amor


Céu de baunilha ilumina o meu olhar.
Noite passada eu te vi carregando todo um vazio no peito.
Eu enfrentei muitos obstáculos, para conseguir descifrar o que há por trás dos olhares, e tu me apareces com um olhar tão facilmente decifrável que chega a ser absurdo não o fazê-lo.
Escrevo essa carta na esperança de lhe fazer entender.
A cidade está vazia, todos fugiram. A solidão reina nesse espaço e eu sou a última a permanecer aqui.
É verão , me sento a beira- mar para escrever-lhe o meu último adeus.
Lembra do café da manhã na serra?
E da forma como você me salvou de mim mesma?
Quando eu quase morri querido, você me viu.
Eu peguei o guidão da minha bicicleta e aprendi a pedalar contigo.
E em Hey Jude... os Beatles se tornaram nossa trilha sonora.
Tu tentaste me dizer várias vezes sobre as promessas não cumpridas...
mas bastou um olhar... e foi com você que cumpri todas.
Então começou a acontecer , várias e várias vezes, repetidamente você escapava do olhar ...
e incessantemente eu iniciava a busca pelo seu olhar.
O vento soprava palavras e susurros seus no meu ouvido, e as lembranças de como costumávamos ser, trágicas cenas de um filme clichê eram o que nos restava no fim .
Sua íris foi azul,verde,castanha,preta... e em todas as cores o seu brilho me encantava, para logo depois apenas parar de brilhar.
Não brinque com a minha capacidade de te encontrar.
Agora que você se foi eu já comecei a te procurar.
E para todos esses olhares que infantilmente tentam se passar pelo seu:
eu não preciso do "amor" de vocês.Estou cansada da banalização do amor alheio.

A minha busca está onde eu possa encontrar amor, apenas simples e real, e nada mais.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Adeus - aonde mandamos as pessoas

Não é meu direito vir aqui e pedir perdão.
Eu erraria em fazer isso. Fazer o que eu sempre quiz?
Adeus- aonde mandamos as pessoas.
Seria ótimo se pudessemos dizer Adeus, de uma forma alegre, mas uma despedida nunca é alegre.
Hoje eu quero dizer , te dizer, a você a quem eu disse adeus, que eu nunca quiz te magoar.
Desde quando eu me fui, eu penso em ti.
Não um pensamento constante, não um pensamento paranóico. Mas um pensamento otimista, um bom pensamento de alguém que lhe deseja bem.
Se eu pudesse eu tentaria te ligar.
Mas é melhor assim, não posso ligar.
Não vejo onde errei, se um dia eu fiz você chorar, torno-me culpada.
Nisto morro de vergonha,e é nessa desvergonha que renasço.
Ainda quero te encontrar e ser alguém que te faça sorrir mais uma vez.
E hoje eu estou aqui , não sei por quanto tempo mais irei ficar.
Mas espero que tu saibas, que muitas coisas aconteceram desde a ultima vez que estivemos juntos, muitas coisas aconteceram desde a minha primeira dose etílica...
mas ainda assim , de você, eu vou sempre lembrar.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Caleidoscópio

Flor de liz aparecendo na janela do quarto , numa manhã chuvosa de um domingo qualquer.
Simultaneamente um jovem põe o patins de gelo e se levanta enquanto coloca o primeiro passo no enorme lago congelado a sua frente.
Enquanto isso eu sonho com Montauk no inverno e uma chuva de flocos de neve pairando sobre o mar...

Escute o ar susurrar no seu ouvido, a qualquer momento você pode ouvi-lo , apenas o escute , pare para sentir e observar as pequenas coisas.
ACORDE e me abrace no seu pensamento, vamos, me dê também um beijo gostoso de "Bom dia" e me traga um chocolate quente na noite que irá chegar , regado de flores e um pouco ou muito do seu amor.
Olhe as fotografias da sua vida, o seu passado construído e conservado em papel colorido ou preto e branco, olhe seu passado, e me dê um spoiler sobre seu futuro.
O que de bom teremos por lá?
Todos os dias ouvimos frases do tipo "siga em frente", "dê seu melhor", "com ou sem você serei feliz", "tudo são escolhas", "a melhor maneira de amar é ... " ; existe uma melhor maneira de amar ?!
Toque sua bateria, sinta o ritmo, não o perca.
Não acredite em livros de auto-ajuda, por favor.
Sorria e olhe , olhe , pisque, e sorria, isso basta.
Use de todo seu charme para atrair, e não deixe de lado seus pensamentos de segundas intenções, mas aja naturalmente .
Coloque o nome da sua filha de Ana, ou Iris, ou Morgana, ou Monalisa, ou Lisa, ou Dulcinea, ou Duda, ou Marina, ou Maria, ou Thayanna, ou Ira, ou Sabrina, ou Olga, ou Isolda, ou Hilda, ou Bárbara , ou Flora, ou Hermione, ou Rosa, ou Isabel, ou Yoko, ou Madalena, ou Gisele , ou Simone, ou Marie....
e a leve com carinho para sobrevoar num balão os montes da Capadócia durante o pôr - do -sol , e faça-a feliz como a vida me faz.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nacionalidade em Crise !

Salve Salve COPA DO MUNDO !

Eu estive sentada aqui detrás do meu aparelho de televisão vendo essas várias perninhas correndo de um lado pro outro atrás de uma Jabulani. Não bastasse uma Copa na África, local de grande miséria no mundo, o Brasil ainda inicia os jogos com uma dificuldade imensa de vencer a Coréia do Norte, que pela primeira vez na história joga uma copa do mundo. E o que é mais interessante isso não ocorreu com o nosso colonizador, Portugal teve tanta dificuldade que marcou 7x0 na Coréia do Norte.

Mas a minha nacionalidade não entrou em crise agora com a copa do mundo.

A minha nacionalidade entrou em crise no dia 21 de Abril de 1997, quando cometeram o atentando contra o índio Pataxó Galdino Jesus dos Santos. Nessa madrugada , 5 jovens entre 17 e 19 anos, atearam fogo no corpo adormecido do índio, o qual chegou a óbito com queimaduras em 95% do seu corpo. Ninguém conseguia entender o termo “brincadeira”com o qual os jovens definiram a cruel ação, mas eu entendi da seguinte forma, queimaram ele como crianças desmembram uma formiga, uma “brincadeira” primitiva e instintiva dos tempos do homem da caverna, no entanto , não estamos mais nessa época então eu entrei em uma crise em relação a minha nacionalidade, viver em comunhão com pessoas da mesma pátria que queimam um integrante e mais do que integrante, um símbolo da mãe gentil é simplesmente vergonhoso, eis a crise.

Sento-me no banco na calçada da minha casa e observo alguns transeuntes , vou a beira-mar e observo mais transeuntes, e me pergunto o que eles fazem pelo país. E então eles rompem toda a minha expectativa mostrando sua mediocridade e crueldade. Não sou obrigada a fazer amizades ou a ser cordial, apenas mantenho a minha educação. Não preciso do amor deles.

Sei que somos a nação do “homem cordial” como diria Sérgio Buarque de Holanda, mas eu luto intensamente contra essa cordialidade, afinal esse negócio de diminutivos nunca me agradou.

Mas voltemos a copa do mundo, o que seria a copa do mundo se não o pão e circo da modernidade? A FIFA assumindo o papel de César moderno e os torcedores meros cidadãos gregos modernos, façam a comparação e verão o mesmo sistema.

Enquanto comparamos e torcemos e passamos fome, os jogadores embolsam milhões, e há ainda quem ache lindo os torcedores. Depois os inteligentes, fazem greve, dizem que os países são ruins, põe a culpa em deus e no mundo , menos no time do CEARÁ ou do Barcelona.... ou na Coca-cola, ou na Nike, ou na Ferrari... etc

Bem, se essa miserabilidade continuará, se existirão mais Jesus sendo cruxificados, queimados, martirizados, eu só espero poder viver o suficiente para ver as luas de Júpiter ao vivo e poder fazer um amor gostoso, isso eu acho digno.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Apenas tome um chocolate quente , dance , ame alguém , e durma um pouco ou muito .

sexta-feira, 12 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Soneto da mesmice

Repete-se a truculência com que um prefeito manda torturar jovens estudantes e comunicadores dos furtos e dos atos de corrupção; repete-se o abafamento do caso; repete-se a maldade nos olhos de quem tortura; repete-se a covardia na boca de quem vendo tal caso , vê e cala; repete-se os roxos nas costas e a vergonha exposta dos agredidos; repete-se ...
Repete-se a mesmice dos pobres de alma...
Repete-se no salão de jantar , a comida boa, os talheres de prata, o vinho antigo e a vida boa do pouco que a tira(a vida boa) do suor de muitos...
Repete-se então as caras cansadas e sofridas no empurra-empurra dos transportes coletivos de quem parte contra o grande nada, em busca de sua pífia sobrevivência ... repete-se o labutar ...
Repete-se o tempo para todos, mas o tempo não repete-se da mesma maneira para todos...
Repete-se...
Deixai o vinil repetir o seu movimento...
Deixai o sol repetir o seu nascer ...
Deixai os olhos repetirem o fechar ao adormecerem...
Deixai repetir que os animais vivam em paz e livres...
Deixai repetir a beleza da luz do luar sobre o campo verde e sobre o mar...
Deixai repetir os bons de coração...
Repete-se
...

no entanto, repete-se o soneto da mesmice.